Tem um coração batendo desordenadamente dentro de meu peito. E eu quero jogá-lo fora todas as vezes que ele me deixa assim: enfraquecida. Numa espécie de êxtase quase mortal, quando – o coração – é senão um órgão primordial. (...) Eu não sei. Não sentia vontade alguma de qualquer contato até aquele momento. O momento em que meus dedos tocaram o telemóvel e automaticamente, quase involuntariamente, discaram o teu número. A primeira vez que a ligação chamou, meus olhos se fecharam, desliguei. Cravei minhas mãos sobre o banco onde eu me encontrava sentada, lado-a-lado de meu corpo, formando uma cadeia: mão, perna, perna, mão. Abaixei a cabeça, suspirei, permaneci num devaneio de minutos longos. Até que meus dedos se prestaram à uma nova tentativa: a mão pegou o telemóvel novamente, e os dedos discaram o teu número. Chamou, tu atendeste. Eu perdi a voz. Qualquer ensaio feito nos minutos de devaneios, para um diálogo perfeito, quase entre amigos, – tornou-se o esquecimento mais rápido de minha vida. “Covarde!” eu mesma me julgava, dizia, repetia, lamentava. Era a chance de lhe falar aquilo que venho tentando guardar por tantos meses. Era a chance de lhe ver mais uma vez... E eu, sentindo que não era o momento. Desliguei o telemóvel rapidamente. Cravando os dentes sobre os lábios. Devorando a beleza dos meus sonhos num medo cruel.
Eu não sei tudo o que eu quero, mas eu sei que eu não quero isto. Não quero apagar-lhe da memória, porque todos me mandam fazer o certo. Se isto é um erro, eu quero errar. – Não quero manter-lhe distante o suficiente para lhe esquecer. Nem quero que o mesmo aconteça à você, já tendo me esquecido ou não. – Quero lembrar-lhe de que quando seu corpo sentir-se fraco, eu estarei aqui para que tu possas se firmar em mim. Quero lembrar-lhe de que eu era a menina que lhe escrevia sobre o amor e lhe enchia de esperança. Quero me lembrar de que o único sentimento que eu tinha por ti, era o de “seja feliz, ficas bem”. Não quero este ódio e esta mágoa, nem este medo do futuro. Quero arriscar. (...) E não sei por quanto tempo irei querer.
As pessoas têm um sério problema de separar o “querer” e o “poder”, o “certo” e o “errado”. Quando eles andam juntos. – Elas costumam querer assim: Eu quero aquilo, mas perante a situação e o que a sociedade acha, – eu não posso. Acham que o querer e o poder é algo social, quando é totalmente individual. E não falo sobre o egoísmo. O egoísmo é diferente do individualismo. (...) Quando é simples: Eu quero aquilo e Eu – posso aquilo. Se o que eu quero é certo, ótimo! Se o que eu quero é errado... – nem tudo na vida é certo. (...) Aqueles que tentam perante ao que os outros acham certo, permanecem sentados. Propriamente dito, permanecem na infelicidade do fracasso. – Já aqueles que querem e correm atrás para conseguir aquilo que eles próprios sonharam e desejaram – estes – caminham. São os chamados: “filhos do sucesso”.
Eu estou aprendendo a querer e poder aquilo que minh’alma pede. Aquilo que realmente me satisfaz, isto – sem a opinião dos outros que, de fato – não fornecerá e nem me levará até a minha felicidade.
Talvez, naquele momento, eu só queria ouvir a tua voz. Recordar o timbre. Fazer sorrir os ouvidos com o som da tua risada. (...) Mas eu me senti sem espaço. Às vezes acho que você me esqueceu. Enquanto eu fico aqui, querendo...
Volta e dá qualquer resposta para este coração: Sim. Não. Tanto faz. Só o acalma, por favor! – Volta e diz se eu posso querer você. Porque quando queremos algo que se move, o objetivo tem força diante da conquista.
Volta e adoça meu coração com a tua ternura. Passa as tuas mãos pelo meu corpo, cobre-me do teu amor momentâneo, e sorri para mim. Volta e devolve-me alguns minutos de paz. Volta, que eu prometo desarmar minhas barreiras e fornecer-lhe um espaço único, – Onde amor, não irá lhe faltar nunca mais.
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Eu quero, então Eu posso.
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Individualista: 01. Pessoa que pensa só nos seus interesses. 02. Anda sozinho.
Egoísta: 01. Apego excessivo a si mesmo, em detrimento dos interesses alheios. 02. Aquele que quer tudo para si.