| a parte bonita da vida
| é que ela nos fará viver
| aquilo que nós nos julgamos capazes
| de fazer melhor
| se estivéssemos na pele do outro.
| sempre penso que
| não vivi todas as coisas
| que ainda irei viver.
| e, por isso,
| não posso julgar quem,
| na minha mísera experiência de vida,
| acredito estar vivendo mal.
| porque talvez
| mais adiante
| eu tenha que passar pelo mesmo...
| e não consiga ser melhor,
| nem menos triste.
A morte é engraçada.
Faz a gente pensar na vida...
Pensar em quanto tempo temos.
Se é que temos tempo!
E em todas as coisas
que estamos
deixando de lado.
Daí notamos, por um breve,
quase imperceptível momento,
que estamos deixando muitas coisas de lado.
E que essas coisas importam.
Abraçamos os nossos queridos amigos,
Expressamos o nosso amor à família.
Mesmo que eles não entendam o desejo repentino
De fazer o que nunca foi feito.
Então retornamos ao roteiro de sempre.
E, de novo, esquecemos a morte.
Ou esquecemos a vida.
Talvez as pessoas não tenham notado ou tenham se esquecido, mas a vida também é sobre lidar com o tédio.
Lembra como os nossos avós viviam? Não era necessário grandes conquistas regulares. Não precisavam frequentar grandes restaurantes nas sextas-feiras ou grandes eventos recorrentes. A vida simplesmente acontecia na simplicidade e o tédio, ou melhor, o nada acontecer era normal.
Hoje, por outro lado, tudo se torna uma grandiosidade. E, nas redes sociais, tudo se torna maior do que realmente é.
Talvez você nem tenha gostado tanto assim daquele passeio, talvez a comida nem era tão gostosa, talvez esse relacionamento nem seja tão bom. Mas é visualmente bonito publicar no instagram.
E, assim, se consolidam as mentiras. As fantasias de um mundo que vive alegrias instantâneas.
Daí você está na sua casa pensando que nada na sua vida acontece, enquanto acontece muito na vida do outro, porque você checou o celular e se deparou com as novas postagens de quem você segue.
Mas talvez você nem precise de toda essa movimentação na sua vida.
Tenho para mim que existem duas verdades universais. A primeira, é que a felicidade verdadeira acontece quando nada acontece. E, a segunda, é o que o amor se estabelece quando você conhece os mais feios – e, muitas vezes, dolorosos – defeitos do outro e, mesmo assim, escolhe permanecer.
Então, num mundo em que estamos proporcionando conhecer só o visualmente bonito, será que você tem amado?
Será que você tem [se] amado?
