“Ah, se eles soubessem! Se, por questão de segundos, pudessem imaginar como seria o amanhã... Talvez não virassem a esquina, não acenderiam o cigarro, não teriam se despedido. – Trapaça! Trapaça! É o que penso da vidente da Rua 25. – Lá no fundo, todos sabem: esse tal de futuro, meu amigo, não existe.”
Imagem do filme The Boy in the Striped Pyjamas
(O menino do pijama listrado)
Ano 2008, baseado no livro de John Boyne
Vive corajosamente quem acredita em destinos. Eu não sei esperar. Filas de bancos, ir embora sem abraçar, trânsitos... Ah! Grandes perdas do nosso tempo! Isso é engraçado, meu amigo. As pessoas vivem como se elas tivessem tempo. Há loucura maior do que crer em algo que não existe? Pois bem, o próximo minuto não existe ainda. – É mais do que uma questão de fé, é uma questão de coragem. É como se, todos os dias, nós colocássemos tudo a perder.
Insisto nesse assunto de não perder chances. Dar-se uma chance, voltar atrás, tentar outra vez é bravura! É tão bonito quando alguém entende que as oportunidades são poucas. Certa vez conheci um senhor que com seus noventa e três anos disse: “só tive nove chances durante a minha vida e perdi a maioria.”. Ah! Meu doce amigo! Eu quero ser dessa gente que tem cinco e vive as cinco!
É como se essas pessoas não sofressem nenhum tipo de medo. Elas não têm receio de apostar no amanhã e, quando o amanhã chega, vivem num lamento sem fim. Vivem num eterno esperar. Acho que não ter pressa não é um problema, mas confiar que tudo irá se resolver sem que caia sequer um pingo de suor é como atirar no próprio pé. Joaquim já soubera disso quando construiu muros em sua casa. Os muros são assim: você constrói porque não tem fé.
Tem gente que constrói barreiras para as melhores coisas dessa vida. Meu amigo, hoje em dia, todo lugar que tu vais, encontras pessoas que falam que não querem se casar. Elas dizem não acreditar no matrimônio, nem no próximo, nem no amor. No entanto, eu me questiono e talvez eu seja mesmo esse cara ainda careta que acredita tanto e tem tantas filosofias atrasadas, que o poeta estava perfeitamente correto quando afirmou: “é impossível ser feliz sozinho”. Podem jorrar discursos de independência e juventude, no final, todos querem encontrar a tampa da sua panela.
Mas eu não entendo o por quê de tantos impedimentos. – São tantos tantos e nenhum nada! – Se elas falam por aí que acreditam em destinos, por que sofrem tanto à demonstrar o que querem? Essa braveza e força dos nossos jovens é tão falsa quanto o cabelo da senhora da casa 121, da Rua Cajuzinhos. E faz mal.
Faz mal colocar as suas procuras nas coisas erradas. Eles se divertem equivocadamente, eles esquecem da política, eles compram coisas que não precisam, eles rebatem ofensas, eles não têm fé, eles dizem não ao amor, eles perderam o controle. Acreditam que ser alegre é ter tudo, quando, na verdade, são as poucas coisas que temos que nós devemos transformar em alegria.
A felicidade não depende dos relógios na parede, não pode estar sujeita a ter ou não aquela pessoa em sua vida, não pende da vivência de algo ou alguém. Precisamos aprender a sermos felizes com nossos próprios passos e com o que temos agora. Precisamos praticar algumas regras importantes: nunca ir embora sem se despedir, não reclamar tanto, agradecer sempre, abrir e deixar abertas todas as portas, abraçar oportunidades, pedir desculpas, fazer agora o que pode ser feito depois e não crer no amanhã, porque, meu amigo, o amanhã não haverá.
Não coloque a sua felicidade nas mãos de outras pessoas. Ela é unicamente sua e depende só de você. Descubra o que faz o seu coração vibrar e dedique-se. Não desista. Diga menos nãos a vida. Abrace árvores, que seja! A verdade cruel é que todos estamos submetidos a falta de lucidez. Ilumine-se.