Respeite o tempo. Possivelmente eu mudei de opinião.

segunda-feira, março 11, 2013

A MATURIDADE

Anota:
A maturidade exige o nosso bem estar.

Querido amigo,
tens razão. A parte mais encantadora é desconhecer. O tempo, a fé, as mudanças e os acontecimentos da vida, como a morte, podem nos trazer um dos benefícios mais belos que a existência nos permite: a maturidade. Tornar-se maduro é um processo longo e, muitas vezes, doloroso. É preciso coragem para perder velhos hábitos, palavreado e limitações. A maturidade não necessita que sejamos mais sérios. Amadurecer é desapegar.
Há coisas que não me preocupam mais. Quando era jovem, eu achara que precisara me impor. Tinha sede em ser admirado. Eu tivera fé que para me mostrar inteligente, eu precisara apontar defeitos. E que sendo um observador eu pudera ser superior às pessoas que eu rotulara como “tolas”. Tolo era eu. As minhas observações eram, em realidade, olhos cegos. Eu fizera as comparações erradas. Eu lutara por igualdade, porém os caminhos eram desiguais. Não é boa pessoa aquela que precisa demonstrar a sua sabedoria. Os sábios não desejam se destacar e, por isso, se destacam.
Perdi. Perdi a preocupação com pessoas que não seguem as mesmas regras que eu. A aceitação de costumes e pensamentos é o primeiro passo para amadurecer. O segundo passo é poder gostar de alguém pela maneira com que nos trata e não pela maneira com que anda. Catarina me tratara bem... Ah! Como Catarina tivera uma importância enorme em meu processo de amadurecimento! O amor, meu querido, tem o poder de acelerar todo o processo.
Todas as tardes, antes da novela, eu caminho pela cidade. E, ontem, durante o meu exercício, escutei uma jovem falando sobre o reality show global, Big Brother Brasil. Me chamou atenção porque quando tivera a idade da moça, eu era igual: crítico. Crítico com as coisas erradas. Assistir um programa de televisão não lhe torna mais burro, nem mais inteligente. São poucas coisas na vida que podem lhe trazer sabedoria, uma delas, é a experiência. Assistir não é aprender. Por isso o erro é tão importante. O erro é o instrumento que podemos utilizar para que possamos nos entender, nos modificar, prosseguir.
Eu criticara o carnaval, a música, as pessoas que usavam roupas coloridas e tinham comportamento exagerado, no entanto, hoje não posso mais fazê-lo. Há criticas que não precisam ser expostas, pois delas nada será construído.
Discutir sobre política é necessário, arrumar briga pelo comentário sobre o futebol da quarta-feira é fútil. Assistir um filme pode ser divertido, ler um livro pode ser confortável, falar palavrões pode ser normal, mas o julgamento não é peça fundamental da maturidade.
A maturidade nos permite a despreocupação com gestos bobos. Já não faz mais sentido sair arrumado todos os dias para comprar pão. Hoje, por exemplo, só penteio o cabelo quando possuo vontade. Os copos sujos da pia são limpos sem reclamações. A naturalidade das coisas é nítida. O amor é sério. As pessoas que não me tranquilizam, foram deixadas de lado. E os compromissos são firmados com cautela.
No entanto, este é um trecho perigoso. A maturidade não é comodismo, como pode parecer nesta carta. A maturidade é focar-se nas coisas certas. É força e aceitação. É despreocupar-se com a superfície a aprofundar a vida em nossos objetivos. O trabalho é a ferramenta fundamental do nosso amadurecimento.
Somente o trabalho pode nos trazer o mérito. É o trabalho que conduz o homem a tornar-se melhor. O sacrifício é que pode orgulhar alguém por não ter desistido na parte dolorosa da caminhada. A beleza dos acontecimentos está no entendimento de que os obstáculos fazem parte do processo. Aceitar e entregar-se a vida está muito próximo do final da corrida.  
O segredo é não deixar que o cérebro envelheça. Fazer contas, trabalhar, praticar exercícios, manter-se disposto, nos alimentar bem, escutar música e poder sorrir, são formas de evitar a morbidez cerebral. A maturidade exige o nosso bem estar.
Ser maduro não possui relação com o envelhecimento. Eu mesmo, meu amigo, tenho corpo de sessenta e mente de mil anos. A questão é: desenvolver a mente mais que o próprio Einstein.

Como fruto maduro,
Chico.

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