Respeite o tempo. Possivelmente eu mudei de opinião.

domingo, agosto 24, 2014

INSISTIR EM MIM

"Tolerando todo o exibicionismo exagerado daquele cara, ela engoliu seco as palavras que havia ensaiado em frente ao espelho e entendeu que ali não era o seu lugar. Às vezes nós só precisamos entender que não nos encaixamos ao mundo de quem nos interessamos, pedir outra bebida e voltar para casa."



Precisamos de velocidade nos pés para correr e lutar por um amor. Ah! Quanta beleza existe numa guerra quando ela é traçada pela vontade de estar ao lado de alguém! Mas até que ponto a batalha é válida? Será que todas as vezes que lutamos por alguém, nós não estamos, na verdade, insistindo? 

Há uma imensidão de diferenças entre as palavras "lutar" e "insistir" quando a matéria tratada é o amor. Lutar é entrar numa guerra onde os dois lados estão dispostos a ganhar algo, mesmo que muitas vezes os objetivos sejam contraditórios. Insistir é persistir numa batalha que já terminou e que, provavelmente, nós já perdemos. 

O grande problema daqueles que sofrem por um amor é que eles costumam insistir. Acreditam demasiadamente na ideia de que o companheiro é único. Fecham os olhos para novas oportunidades e se prendem ao egoísmo de não aceitar a derrota. Não é o amor que machuca, é o orgulho ferido. 

Acredito que, em todas as áreas de nossa vida, o orgulho é prejudicial. Temos que aceitar a perda, no entanto, não precisamos desistir de todo o resto. É preciso levantar a cabeça e recomeçar. O luto da perda já foi incrivelmente calculado pelo homem pelo lapso de apenas sete dias, depois disso, é necessário esquecer e continuar.

Eu, porém, não respeito os sete dias de luto. Eu me espelho no tempo que não para, e, não paro. Visto outra roupa, peço um Cosmopolitan e observo os lados. Porque nós acreditamos que olhar para frente é o segredo, mas são os lados que guardam as surpresas. 

Vivemos anos e anos de nossas vidas e poderemos viver mais anos e anos, mesmo que longe da pessoa amada. Apesar de poético, nós não iremos amar uma única vez nessa vida. Nós devemos colocar na balança "o que queremos" contra "o que nos faz bem". Será que é necessário engolir a seco o que nos faz mal para termos apenas o que queremos? O preço da insistência é confundir o que nos faz bem com o que está nos matando.

O ser humano costuma aceitar o amor que acha que merece, porém ele sempre aceita menos. Devemos nos olhar a fundo e enxergar todas as nossas qualidades para notarmos que merecemos e aguentamos batalhas maiores. Precisamos ter fé.

Fé de que existem bilhões de pessoas no mundo, fé de que hoje não é o último dia de nossas vidas, fé de que nós iremos superar esse período mesmo que estejamos sós, fé de que encontraremos alguém que não precisaremos insistir, e, talvez, nem lutar. É preciso ter fé no que, agora, parece impossível.

Que a nossa batalha seja para encontrar a fé em nós mesmos e que possamos abandonar a crença de que sozinhos seremos fracos, porque se tem algo que eu aprendi nesses anos de solidão, é que só poderemos saber o tamanho da nossa força se não tivermos onde nos apoiar. E, ainda assim, todo esse tempo, eu me apoiei em minha esperança.