Respeite o tempo. Talvez eu tenha mudado de opinião.

quarta-feira, maio 22, 2019

TODAS AS COISAS BONITAS DESSA VIDA



Eu tentei escrever sobre todas as coisas bonitas dessa vida, mas concluí que talvez eu não tenha presenciado tantas belezas assim. Ou talvez eu só não tenha tido a oportunidade de enxergar as doçuras que eu gostaria de ter visto. O problema é justamente este, meu velho amigo. Sou eu. Eu que quis demais... Eu que esperei demais... Eu que limitei as belezas dessa vida.

Então eu voltei a escrever sobre as tristezas que nós enfrentamos ao longo das nossas jornadas. E, incrivelmente, eu passei a defendê-las. Eu, que nunca acreditei em destinos, me vi presa a ideia de que a vida é como ela é. Que as situações se ordenam quando elas devem se ordenar. E, que pequenos fragmentos de história, se tornam a história da humanidade, como se essa fosse a única verdade a ser encarada.

Mas o que sei sobre encarar as realidades que estão a nossa frente? Pois talvez eu saiba bem pouco sobre isso. Afinal, cá estou presa numa inquietação silenciosa. Transpassando cômodos como um fantasma. Numa total paralisia cotidiana onde tudo o que restou foi calmaria. Eu desejei desaparecer e eu desapareci. Mas, quando tudo aconteceu, desaparecer não soou tão bem quanto eu imaginei que soaria.

A arte que me restou foram as palavras e, elas me deixaram, depois que eu as traí. Eu deveria usá-las para escrever aquilo que sei ou aquilo que eu gostaria de saber, mas passei a usá-las para a defesa daquilo que não acredito, ensejando que as palavras fugissem de mim. Eu defendi o indefensível, e o preço foi perder a sensibilidade.

Ora, meu amigo. Eu estou cansada de morar nesse lar de fantasmas. Como retornar a inquietação não silenciosa, barulhenta, gritante? Gostaria de voltar a ser aquela menininha chata, mas genuinamente corajosa, e que tinha sonhos. No entanto, perder-se é, muitas vezes, irreversível. E eu já me perdi tantas vezes...

Naqueles braços... Naqueles lugares.... Naquilo que experimentei.... Naquilo que deixei para trás... Eu me perdi em cada esquina estranha que cruzei. E, às vezes, sinto que cruzarei mais esquinas apenas para me perder ainda mais. Talvez o meu destino seja este: Não me encontrar.

E desaparecer é o caminho.