Ninguém irá lhe entender como eu. E há um espaço vazio que fica aqui dentro quando você está longe. Mas não é hora de fraquejar. – Ontem à noite, senti vontade de pegar o telefone e ouvir a tua voz. No entanto, eu saberia que era uma vontade instantânea. Duraria até o momento em que a mágoa tomaria meu coração outra vez. E então sobraria o ódio, o desprezo, a raiva que suas palavras despertam em mim. Pois é isto que sobrou de você: saudade do que eu pensei que tu fosses e rancor das tuas escolhas.
Os enganos foram meus. Sempre meus. Eu soube quem tu eras desde o inicio e, ainda assim, uma parte de mim insistia em caminhar ao teu lado. Embora, ao teu lado, eu nunca estivesse.
Às vezes, tu eras um. Noutra vez, tu eras outro. E toda aquela contradição me feria. – Chorei lágrimas de sangue e permaneci calada. – Nunca contestei, nunca disse o que eu sentia, e nunca deixei de sentir. Nunca soube partilhar nada com você. Tu nunca foste meu ombro amigo. Quando ganhou minha confiança soube perder no exato momento.
E eu ainda não entendo onde, nem quando, mas em alguma parte da minha vida eu tive que aprender a filtrar as coisas. Nem todos merecem o meu sorriso, porque a maioria irá sentir inveja dos motivos pelo qual ele está em meu rosto. Nem todos merecem saber que as lágrimas estão caindo, porque grande parte das pessoas irão fazer com que caiam mais. Os problemas que são meus, são meus. As dúvidas que são minhas, são minhas. Posso estar rodeado de pessoas e continuar sozinho. Conta-se nos dedos aqueles que são verdadeiros. Existem pessoas que você poderá confiar e existem pessoas que só estão ali para aliviar a dor. Um espelho poderá se tornar um buraco quando não sabemos quem somos e temos vergonha daquilo que nos tornamos. É preferível o silêncio quando não há explicações para aquilo que dói. Você não poderá chegar ao ponto de ter pena de si mesmo, ali – é fim da linha. As pessoas que te olharem com dó, não irão mexer os dedos para que as coisas se resolvam. Palavras duram alguns momentos; Atitudes provam palavras, caráter, e poderão ser duradouras. A vida não é uma escada rolante, você tem que subir com seus próprios pés. E, como uma escada, você poderá subi-la e poderá descê-la. Tem que saber a hora e a direção dos degraus.
Eu perdi a direção. E acho que desci alguns muitos degraus. Não sei como voltar atrás e, por enquanto, o desejo é me manter parado. Outra coisa que a vida ensina é que você tem o direito de manter-se só, quieto, estável – mas o tempo continua, as pessoas caminham, as oportunidades acontecem, e, quando você está imóvel, pode perder o que conquistou.
Porém, é perdendo tudo que nós reconhecemos o que devemos ganhar. É necessário chegar ao fim do poço para saber d’onde é que vem a água que mata nossa sede. É preciso parar, dormir cedo, se alimentar melhor, ou, perder o sono, comer pouco, sentir a depressão ganhando suas veias para que possamos desistir do que é errado e ir atrás do que é certo.
Eu sou quem repete sete vezes em frente ao espelho: continue tentando, continue tentando, continue tentando, continue tentando, continue tentando, continue tentando, continue tentando. E agora que isto não está funcionando, sou quem rejeita o espelho e respira fundo. Sou quem dorme e tem o olho aberto. Sou quem precisa de um tempo. E que Deus permita este tempo à quem já errou tanto e sofreu com os erros alheios. Pois eu não tenho mais nenhum plano, se não, manter a calma.
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